segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Voa...


rema, voa...
ai daqueles
que se amaram sem nenhuma briga
aqueles que deixaram
que a mágoa nova
virasse a chaga antiga
ai daqueles que se amaram
sem saber que amar é pão feito em casa
e que a pedra só não voa
porque não quer
não porque não tem asa
*
PAULO LEMINSKI, in DISTRAÍDOS VENCEREMOS (Editora Brasiliense, 1987)

Ilustração do livro Journey, por ©Aaron Becker (Mariland, EUA)

quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Amo as horas escuras do meu ser...

AMO AS HORAS ESCURAS DO MEU SER...'
RAINER MARIA RILKE, in O LIVRO DE HORAS, tradução de MARIA TERESA DIAS FURTADO (Assírio & Alvim,2008)

Amo as horas escuras do meu ser
em que se aprofundam meus sentidos;
nelas, como em cartas antigas se pode ler,
encontrei meus dias já vividos
e como lenda longínqua a desaparecer.
Delas fico a saber que tenho espaço afinal
para uma segunda vida ampla e intemporal.
E por vezes sou uma árvore ampla
que madura e murmurante, por cima de uma campa
realiza o sonho que o rapaz de outrora
(em redor do qual se apertam raízes calorosas agora)
em tristezas e cantares deitou fora.



sábado, 6 de agosto de 2016

Há que saber esperar...



Há que se saber esperar, pois a natureza anda devagar. Não foi ainda atingida pela loucura da pressa.
Rubem Alves
.
No livro "As Melhores Crônicas de Rubem Alves"




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terça-feira, 19 de julho de 2016

As nuvens amontoavam-se ante os alísios...



“As nuvens amontoavam-se ante os alísios, e, olhando em frente, viu um bando de patos bravos desenhando-se contra o céu, acima das águas, depois esborratando-se, desenhando-se outra vez, e reconheceu que o homem nunca está só no mar.” 

O Velho e o Mar, Ernest Hemingway.

Na ilha por vezes habitada...




Na ilha por vezes habitada do que somos, há noites,
manhãs e madrugadas em que não precisamos de
morrer.
Então sabemos tudo do que foi e será.
O mundo aparece explicado definitivamente e entra
em nós uma grande serenidade, e dizem-se as
palavras que a significam.
Levantamos um punhado de terra e apertamo-la nas
mãos.
Com doçura.

Aí se contém toda a verdade suportável: o contorno, a
vontade e os limites.
Podemos então dizer que somos livres, com a paz e o
sorriso de quem se reconhece e viajou à roda do
mundo infatigável, porque mordeu a alma até aos
ossos dela.

Libertemos devagar a terra onde acontecem milagres
como a água, a pedra e a raiz.
Cada um de nós é por enquanto a vida.
Isso nos baste.

.
José Saramago In “Provavelmente Alegria”

Não sei se é amor que tens...



"Não sei se é amor que tens, ou amor que finges,
O que me dás. Dás-mo. Tanto me basta.
Já que o não sou por tempo,
Seja eu jovem por erro.
Pouco os deuses nos dão, e o pouco é falso.
Porém, se o dão, falso que seja, a dádiva
É verdadeira. Aceito,
Cerro olhos: é bastante.
Que mais quero?"
.
12-11-1930
Odes de Ricardo Reis (heterónimo de Fernando Pessoa)



quinta-feira, 14 de julho de 2016

Paciência


"Enquanto o tempo acelera e pede pressa
Eu me recuso faço hora vou na valsa
A vida é tão rara
Enquanto todo mundo espera a cura do mal
E a loucura finge que isso tudo é normal
Eu finjo ter paciência
E o mundo vai girando cada vez mais veloz
A gente espera do mundo e o mundo espera de nós
Um pouco mais de paciência..."
Paciência - Lenine




Céu de Santo Amaro



Céu de Santo Amaro - Flávio Venturini e Caetano Veloso.

Olho para o céu
Tantas estrelas dizendo da imensidão
Do universo em nós
A força desse amor
Nos invadiu...
Com ela veio a paz, toda beleza de sentir
Que para sempre uma estrela vai dizer
Simplesmente amo você...
Meu amor..
Vou lhe dizer
Quero você
Com a alegria de um pássaro
Em busca de outro verão
Na noite do sertão
Meu coração só quer bater por ti
Eu me coloco em tuas mãos
Para sentir todo o carinho que sonhei
Nós somos rainha e rei
Na noite do sertão
Meu coração só quer bater por ti
Eu me coloco em tuas mãos
Para sentir todo o carinho que sonhei
Nós somos rainha e rei
Olho para o céu
Tantas estrelas dizendo da imensidão
Do universo em nós
A força desse amor nos invadiu...
Então...
Veio a certeza de amar você...

P.S. Esta canção é uma adaptação da música " Arioso" do genial compositor Johann Sebastian Bach. O que não diminui em nada o maravilhoso trabalho de Flávio Venturini e de Caetano Veloso na criação da letra e arranjos.

Uma arte



Uma arte
A arte de perder não é nenhum mistério;
Tantas coisas contêm em si o acidente
De perdê-las, que perder não é nada sério.
Perca um pouquinho a cada dia. Aceite, austero,
A chave perdida, a hora gasta bestamente.
A arte de perder não é nenhum mistério.
Depois perca mais rápido, com mais critério:
Lugares, nomes, a escala subseqüente
Da viagem não feita. Nada disso é sério.
Perdi o relógio de mamãe. Ah! E nem quero
Lembrar a perda de três casas excelentes.
A arte de perder não é nenhum mistério.
Perdi duas cidades lindas. E um império
Que era meu, dois rios, e mais um continente.
Tenho saudade deles. Mas não é nada sério.
– Mesmo perder você (a voz, o riso etéreo
que eu amo) não muda nada. Pois é evidente
que a arte de perder não chega a ser mistério
por muito que pareça (Escreve!) muito sério.
.
One art
The art of losing isn't hard to master;
so many things seem filled with the intent
to be lost that their loss is no disaster.
Lose something every day. Accept the fluster
of lost door keys, the hour badly spent.
The art of losing isn't hard to master.
Then practice losing farther, losing faster:
places, and names, and where it was you meant
to travel. None of these will bring disaster.
I lost my mother's watch. And look! my last, or
next-to-last, of three loved houses went.
The art of losing isn't hard to master.
I lost two cities, lovely ones. And, vaster,
some realms I owned, two rivers, a continent.
I miss them, but it wasn't a disaster.
Even losing you (the joking voice, a gesture
I love) I shan't have lied. It's evident
the art of losing's not too hard to master
though it may look like (Write it!) like disaster.

- Elizabeth Bishop, em "Poemas escolhidos — Elizabeth Bishop".
 
 

terça-feira, 5 de julho de 2016

A Busca



A BUSCA
Incansável a busca.
Inalcançável, às vezes.
O passo, o pé, a voz, a alma:
tudo fluindo, a um só tempo, na vazão do sentimento.
É que as batalhas são feitas de longes paragens
e as alegrias dependem de uma ternura poética
que cobre as tristezas e as ultrapassa.
Se o céu se apronta ao amanhecer, o verso tem onde pousar,
mas se o infinito continua escuro
é hora de pescar estrelas, pequenas que sejam,
escondidas no lodo que um dia foi jardim.


Basilina Pereira



sábado, 2 de julho de 2016

As Rosas...



Em 2 de julho de 2016, passamos pelos doze anos da morte de Sophia de Mello Breyner Andresen.


AS ROSAS
Quando à noite desfolho e trinco as rosas
É como se prendesse entre os meus dentes
Todo o luar das noites transparentes,
Todo o fulgor das tardes luminosas,
O vento bailador das Primaveras,
A doçura amarga dos poentes,
E a exaltação de todas as esperas
.





Quando souberes envelhecer...

"Quando souberes envelhecer, serás um jovem.
É esplêndido o que poderás fazer quando a manhã romper
e não lamentes nada quando acabar o dia. O mais
importante é sempre o que está para chegar. Repara
como aquela andorinha dirige orações ao vento
que a ajuda a partir e a encontrar o caminho de regresso.
Mesmo em dificuldade, faz como ela. A vida
é um eterno retorno."
.
Joaquim Pessoa.
in "O Pouco é para Ontem"


terça-feira, 14 de junho de 2016



Pensei que amar é fácil.





“Porque eu fazia do amor um cálculo matemático errado: pensava que, somando as compreensões, eu amava. Não sabia que, somando as incompreensões é que se ama verdadeiramente. Porque eu, só por ter tido carinho, pensei que amar é fácil”. 

Clarice Lispector


terça-feira, 31 de maio de 2016

Baile sem música...

 
"Às vezes nos sentimos num baile sem música, onde os dançarinos parecem apenas loucos"
 
 Madame de Staël
 
 

sábado, 28 de maio de 2016

Há algo dentro de mim...

"Há algo dentro de mim que me leva pela mão para brincar, para conhecer o que continua vivo e belo além de toda e qualquer gaiola, além dos meus tempos de muda. Algo que me mostra uma paz intensa e verdadeira. Que não me deixa esquecer que continuo a ter asas, mesmo quando eu não voo".
Ana Jácomo.
 

 

quinta-feira, 26 de maio de 2016

A Demora

A DEMORA
O amor nos condena:
demoras
mesmo quando chegas antes.
Porque não é no tempo que eu te espero.

Espero-te antes de haver vida
e és tu quem faz nascer os dias.


MIA COUTO, no livro "Idades cidades divindades"

O Amor, Meu Amor

O Amor, Meu Amor
Nosso amor é impuro
como impura é a luz e a água
e tudo quanto nasce
e vive além do tempo.
Minhas pernas são água,
as tuas são luz
e dão a volta ao universo
quando se enlaçam
até se tornarem deserto e escuro.
E eu sofro de te abraçar
depois de te abraçar para não sofrer.
E toco-te
para deixares de ter corpo
e o meu corpo nasce
quando se extingue no teu.
E respiro em ti
para me sufocar
e espreito em tua claridade
para me cegar,
meu Sol vertido em Lua,
minha noite alvorecida.
Tu me bebes
e eu me converto na tua sede.
Meus lábios mordem,
meus dentes beijam,
minha pele te veste
e ficas ainda mais despida.
Pudesse eu ser tu
E em tua saudade ser a minha própria espera.
Mas eu deito-me em teu leito
Quando apenas queria dormir em ti.
E sonho-te
Quando ansiava ser um sonho teu.
E levito, voo de semente,
para em mim mesmo te plantar
menos que flor: simples perfume,
lembrança de pétala sem chão onde tombar.
Teus olhos inundando os meus
e a minha vida, já sem leito,
vai galgando margens
até tudo ser mar.
Esse mar que só há depois do mar.
Mia Couto 
Livro: idades cidades divindades





sábado, 21 de maio de 2016

Sossega, coração! Não desesperes!

Sossega, coração! Não desesperes!
Talvez um dia, para além dos dias,
Encontres o que queres porque o queres.
Então, livre de falsas nostalgias,
Atingirás a perfeição de seres.
Mas pobre sonho o que só quer não tê-lo!
Pobre esperança a de existir somente!
Como quem passa a mão pelo cabelo
E em si mesmo se sente diferente,
Como faz mal ao sonho o concebê-lo!

Sossega, coração, contudo! Dorme!
O sossego não quer razão nem causa.
Quer só a noite plácida e enorme,
A grande, universal, solene pausa
Antes que tudo em tudo se transforme.

Fernando Pessoa


terça-feira, 17 de maio de 2016

Borboletas ou leões...


Nem Sempre Sou Igual...

Nem Sempre Sou Igual
Nem sempre sou igual no que digo e escrevo.
Mudo, mas não mudo muito.
A cor das flores não é a mesma ao sol
De que quando uma nuvem passa
Ou quando entra a noite
E as flores são cor da sombra.
Mas quem olha bem vê que são as mesmas flores.
Por isso quando pareço não concordar comigo,

Reparem bem para mim:
Se estava virado para a direita,
Voltei-me agora para a esquerda,
Mas sou sempre eu, assente sobre os mesmos pés —
O mesmo sempre, graças ao céu e à terra
E aos meus olhos e ouvidos atentos
E à minha clara simplicidade de alma ...


Alberto Caeiro
Pseudônimo de Fernando Pessoa
.
No livro "O guardador de rebanhos"
.
Tela: "Vaso de Rosas", de Van Gogh


quinta-feira, 12 de maio de 2016

Fique com alguém...

Fique com alguém que não tenha dúvidas
Quando a gente quer muito uma pessoa, a gente se engana. A gente tenta encaixar aquele outro ser humano em posições que nunca foram dele. A gente clama ao universo para um sim em algo que já começou destinado ao não. A gente quer, e a gente bate o pé e faz pirraça feito criança para conseguir. Mas um dia a gente percebe que amor tem que ser uma via de mão dupla. Amor tem que ser fácil, tem que ser bom, tem que ser complemento, tem que ser ajuda. Amor que é luta é ego. Amor que rebaixa é dor. E então a gente aprende que amor que não é amor, não encaixa, não orna, não serve.
Fique com alguém que não tenha conversa mole. Que não te enrole. Que não tenha meias palavras. Que não dê desculpas. Que não bote barreiras no que deveria ser fácil e simples. Fique com alguém que saiba o que quer e que queira agora.
Fique com alguém que te assuma. Que ande com orgulho ao seu lado. Que te apresente aos pais, aos amigos, ao chefe, ao faxineiro da firma. Que segure a sua mão ao andar na rua. Que não tenha medo de te olhar apaixonadamente na frente dos outros. Fique com alguém que não se importe com os outros.
Fique com alguém que não deixe existir zonas nebulosas. Que te dê mais certezas do que perguntas. Que apresente soluções antes mesmo dos questionamentos aparecerem. Fique com alguém que te seja a solução dos problemas e não a causa.
Fique com alguém que não tenha traumas. Que não tenha assuntos mal resolvidos. Que saiba que para ser feliz, tem que deixar o passado passar. Fique com alguém que só tenha interesse no futuro e que queira esse futuro com você.
Fique com alguém que te faça rir. Que te mostre que a vida pode ser leve mesmo em momentos duros. Que seja o seu refúgio em dias caóticos. Fique com alguém que quando te abraça, o resto do mundo não importa mais.
Fique com alguém que te transborde. Que te faça sentir que você vai explodir de tanto amor. Que te faça sentir a pessoa mais especial do universo. Fique com alguém que dê sentido à todos os clichês apaixonados.
Fique com alguém que faça planos. Que veja um futuro ao seu lado. Que te carregue para onde for. Que planeje com você um casamento na praia, uma casa no campo e um labrador no quintal. Fique com alguém que apesar de saber que consegue viver sem você, escolhe viver com você.
Fique com alguém que não se esconda. Que não te esconda. Que cada palavra seja direta e clara. Que não dê brechas para o mal entendido. Que faça o que fala e fale o que faça. Fique com alguém cujas palavras complementam suas ações.
Fique com alguém que te admire. Que te impulsiona pra frente. Que te apoie quando ninguém mais acreditar em você. Que te ajude a transformar sonhos em realidade. Fique com alguém que acredite que você é capaz de tudo aquilo que queira.
Fique com alguém que você não precise convencer de que você vale a pena. Que não tenha dúvidas. Fique com alguém que te olhe da cabeça aos pés e saiba, sem hesitar, que é você e só você.
Fique com alguém que te faça olhar para trás e agradecer por não ter dado certo com ninguém antes. Fique com alguém que faça não existir mais ninguém depois.
Postado por Marina Barbieri
17/11/2014

quarta-feira, 4 de maio de 2016

Meu infinito particular ...

Eis o melhor e o pior de mim
O meu termômetro, o meu quilate
Vem, cara, me retrate
Não é impossível
Eu não sou difícil de ler
Faça sua parte
Eu sou daqui, eu não sou de Marte
Vem, cara, me repara
Não vê, tá na cara, sou porta-bandeira de mim
Só não se perca ao entrar
No meu infinito particular
Em alguns instantes
Sou pequenina e também gigante
Vem, cara, se declara
O mundo é portátil
Pra quem não tem nada a esconder
Olha a minha cara
É só mistério, não tem segredo
Vem cá, não tenha medo
A água é potável
Daqui você pode beber
Só não se perca ao entrar
No meu infinito particular ... ♪♫


Escrito no coração...


Nós que crescemos...




Era uma vez…

Conto de fadas
Eu trago-te nas mãos o esquecimento
Das horas más que tens vivido, Amor!
E para as tuas chagas o ungüento
Com que sarei a minha própria dor.
Os meus gestos são ondas de Sorrento…
Trago no nome as letras duma flor…
Foi dos meus olhos garços que um pintor
Tirou a luz para pintar o vento…
Dou-te o que tenho: o astro que dormita,
O manto dos crepúsculos da tarde,
O sol que é de oiro, a onda que palpita.
Dou-te, comigo, o mundo que Deus fez!
Eu sou Aquela de quem tens saudade,
A princesa de conto: “Era uma vez…”

( Florbela Espanca )





Minha alma...

“Minha alma tem o peso da luz. Tem o peso da música. Tem o peso da palavra nunca dita, prestes quem sabe a ser dita. Tem o peso de uma lembrança. Tem o peso de uma saudade. Tem o peso de um olhar. Pesa como pesa uma ausência. E a lágrima que não se chorou. Tem o imaterial peso da solidão no meio de outros.”
 
Clarice Lispector, in A Hora da Estrela [1977, (Ed. Rocco, 2010)


 

terça-feira, 3 de maio de 2016

Sou...

SOU
Quando o meu coração
se soube eterno,
fiz as pazes
com o tempo.
A espera não dói.
A ânsia de amor
não mais me consome.
Teus olhos me cegam
e me conduzem
ao outro lado das Eras.
E no quanto existas em mim
eu sou.
Nara Rúbia Ribeiro
No livro "Pazes"


terça-feira, 22 de março de 2016

Quer ser diferente? Ame mais!

Propósito se vive, um dia de cada vez. Isso não é letargia, isso é foco.
Agradar a todos não muda os seus dias.
Conquistar elogios não muda os seus dias.
Competir e disputar o sucesso não muda os seus dias.
Se vingar não muda os seus dias. Justificar os seus erros também não.
Amar sim.
Quer ser diferente? Ame mais!
A começar por si mesmo.
Respeite o seu tempo por aqui, fazendo valer os seus dias.
Seja um belo legado aos que vierem depois de você. Simplesmente sendo absolutamente feliz.



sexta-feira, 4 de março de 2016

Tenho vontade imensa de apreender o indisível.

“Considero ignorante quem não ousa se aproximar das coisas absurdas, do indizível. Durante toda a minha vida eu fui fascinada por esse lado do invisível. Tenho vontade imensa de apreender o indisível.”

Hilda Hilst

 

Sou grata...

Sou grata...
Sou grata aos vendavais,
aos olhares amargos e palavras ásperas,
aos espinhos que já me fincaram a carne,
e ao solo duro sob meus pés.

Sou grata às dores que me rasgaram ao meio,
lapidaram a minha alma e descascaram minha essência,
despudorada de belezas e sutilezas.
A poesia dentro de mim ainda pulsa.
Sim, ela ainda respira!

Como uma fênix que ressurge das cinzas,
esse mito tão humano,
reflete sobre minha pele a vida,
no seu jeito misterioso e Divino de ser,
a poesia que me transborda dos poros.

Me ensinaram os vendavais a grandeza das brisas.
Aprendi a doçura dos olhos e das palavras.
Os espinhos me falaram sobre as flores.
Sim, ela ainda respira! A poesia dentro de mim.

Que do poema se faça luz,
que da dor se faça o parto,
dentro do peito e das vísceras,
nessa imensa brincadeira de roda,
que a alma viva sagrada.


Raquel Alves

Depois...


E doeu-me às vezes viver.

Porque andei sempre sobre meus pés,
e doeu-me às vezes viver.
Mia Couto



quinta-feira, 3 de março de 2016

Uma companhia sem palavras...


"Eu pedia às pessoas mais do que elas me podiam dar: uma amizade contínua, uma emoção permanente. Hoje sei pedir-lhes menos do que podem dar: uma companhia sem palavras". Rubem Alves

Em “pensamentos que penso quando não
estou pensando” - Página 47


 
 

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Não sei de nada.

“Não sei de nada. Não há nada que eu saiba. Porém certas coisas se sentem com o coração. Deixa falar o teu coração, interroga os rostos, não escutes as línguas..."
- Umberto Eco, em "O nome da Rosa". [tradução de Aurora Fornoni Bernardini e Homero Freitas de Andrade].


segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Poeiras...

"_Sacudam os pés, as poeiras gostam de viajar."
Mia Couto in "A Confissão da leoa"



O caminho...

" O problema não é o lugar...mas o caminho.
[...]
Havia duas maneiras de partir: uma era ir embora, outra era enlouquecer... Um pé na doideira de partir, outro na loucura de ficar.
- Por isso eu digo: não é o destino que conta, mas o caminho."
Mia Couto in " Terra Sonâmbula "
 
 

terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Dias lindos...


“Não basta sentir a chegada dos dias lindos. É necessário proclamar:
- Os dias ficaram lindos!”
Carlos Drummond de Andrade