domingo, 13 de dezembro de 2015

Ainda cedo...

Talvez o amor,
neste tempo,
seja ainda cedo

Mia Couto


I want to hold your hand


Não mereço alguém que não sabe o que quer, mereço alguém com certezas...

Mereço alguém que não abandone a conversa mesmo quando não mais tiver assunto pra continuar. Alguém que faça questão de sentar ao meu lado, que reverse o olhar, o abraço e a vida pra mim, que sempre encontre um espaço e um tempo pra me encaixar mesmo que a rotina seja bagunçada e o tempo curto demais. Alguém que confira se tranquei as portas, e se desliguei o café porque eu sempre esqueço. Alguém que saiba que amar não é obrigação, que zelar é um gesto importante e que o amor não se acaba com os erros. Alguém que tenha paciência comigo, que aceite o meu atraso porque sempre fui indeciso em escolher a melhor roupa pra não fazer feio. Alguém que entenda a minha mania de ansiedade. Alguém que apareça com um par de ingressos pro show do Nando Reis, que me leve pro cinema sem data ou hora marcada, que me faça bem, que me tire da cama e me apresente aos lugares, aos amigos e ao mundo. Alguém que me abrace mesmo suado, que me beije de manhã cedo sem pensar em bafo, que acaricie minha nuca e que, ao mesmo tempo em que me olha, diz com um só sorriso que sou importante sim.
Mereço alguém que me encare quando eu estiver distraído, que sorria da minha cara de preocupado e de assustado, que me ligue pra narrar o seu dia, que encoste o ombro no meu peito enquanto faz frio e o filme passa. Alguém que não precise de mim apenas nos piores momentos, mas que precise de mim sempre. Alguém que não tenha vergonha, nem orgulho, que some e não suma, que fique e não desapareça, que me entorte a cara se eu disser bobagem mas que, ao menos, me permita dar um beijo como desculpas. Alguém que me faça sorrir sem se preocupar, nem se importar se meu cartão de crédito está no vermelho ou se vou ter que pagar duas cadeiras na faculdade. Alguém que me faça esquecer os problemas só em sorrir pra mim e que me deixe com aquela sensação ao voltar pra casa de que o meu dia está ótimo mesmo quando esteja uma droga. Alguém que encontre nos piores momentos uma lição, e que nos melhores momentos encontre sempre um bom exemplo pra melhorar nossa relação. Não mereço alguém que não sabe o que quer, mereço alguém com certezas. Mereço alguém que seja sincero comigo e principalmente, que se entregue por inteiro porque eu não estou aqui pra receber metade de ninguém.
Não mereço alguém de conversa mole, que enrole, com meias palavras e cheia de desculpas. Não mereço alguém que me dê mais perguntas do que certezas, que seja a causa e não a solução pros meus problemas. Mereço alguém que troque seu domingo de praia por um domingo em casa, que acorde tarde e que use os meus chinelos sem se importar se são dez vezes maiores que seu pé. Alguém que repare o tempo mas que não tenha medo dele, que tenha mania de ler as noticias dos jornais só depois de ter lido o horóscopo do dia na página seis. Alguém que largue as roupas pela casa, que estenda a toalha no varal meio bagunçada, que se sinta bem comigo e que mesmo me mandando pro inferno, me procure. Alguém que chegue logo, que sempre adie a hora de ir, que fique pra agora e que vá só depois que a saudade se acalmar só um pouquinho. Alguém que não desista de mim e que me faça sentir que sou realmente importante e necessário.
Conheça outros textos do autor: Iandê Albuquerque

Nós dois


Porque sonho não morre


"Um trem-de-ferro é uma coisa mecânica,
mas atravessa a noite, a madrugada, o dia,
atravessou minha vida,
virou só sentimento."



quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Right To Be Wrong


Doi-te alguma coisa?


Eu sou vários...

Eu sou vários. Há multidões em mim. Na mesa de minha alma sentam-se muitos, e eu sou todos eles. Há um velho, uma criança, um sábio, um tolo. Você nunca saberá com quem está sentado, ou quanto tempo permanecerá com cada um de mim. Mas prometo que, se nos sentarmos à mesa, nesse ritual sagrado, eu lhe entregarei ao menos um dos tantos que sou, e correrei os riscos de estarmos juntos no mesmo plano. Desde logo, evite ilusões. Também tenho um lado mau, ruim, que tento manter preso, e que quando se solta me envergonha. Não sou santo, nem exemplo, infelizmente. Entre tantos, um dia me descubro, um dia serei eu mesmo, definitivamente. Como já foi dito: ouse conquistar a ti mesmo."

Friedrich Nietzsche




quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

A Day in the life



Vida

Dar vida aos mortos
é obra para infinitos deuses.
Ressuscitar um vivo:
um só amor cumpre o milagre.
Mia Couto



Solidão



“A solidão é o destino de todos os grandes espíritos”, diria Schopenhauer. Também a desilusão, a tristeza, o sofrimento. Muita inteligência e acurada visão de mundo não são, definitivamente, caronas para a felicidade. Certamente o contrário, a ignorância, tem mais facilidade em puxar a carroça.


quinta-feira, 19 de novembro de 2015

A Casa - Mia Couto

O convite ao lado feminino, a casa como símbolo da família, da educação, do modo de estar no mundo.Se cada mulher ajudasse cada homem na interiorização deste papel...Acabaria a violência no ser, no mundo... Aqui está o principio de tudo!

A CASA
Confesso:
Quando a olhei
eu apenas queria,
em sua boca,
a água onde começa a vida.
E fui num murmúrio:
preciso do teu fogo
para não morrer.
Ela, então,
sussurrou o convite:
vem a minha casa.

No caminho,
porém,
recusou meu braço,
esfriou o meu alento.
E corrigiu-me assim o intento:
não te quero corpo,
nem quero o fogo do leito,
nem o frio do adeus.

Suave murmurou:
levo-te,
homem,
a minha casa
para aprenderes a ser mulher.
Que nenhum outro fim
a casa tem.

Mia Couto

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Porque as manhãs são rápidas e o seu sol quebrado...



Meio da Vida
Porque as manhãs são rápidas e o seu sol quebrado
Porque o meio-dia
Em seu despido fulgor rodeia a terra
A casa compõe uma por uma as suas sombras
A casa prepara a tarde
Frutos e canções se multiplicam
Nua e aguda
A doçura da vida

SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN, in LIVRO SEXTO (Moraes Ed, 1962; 5ª ed., 1978) e OBRA POÉTICA (Caminho, 2010; Assírio & Alvim, 2015)

 

Desver o mundo...

Então era preciso desver o mundo para sair daquele
lugar imensamente e sem lado.
Manoel de Barros





Amado George!


O amor é para sempre… Por Dora Incontri

O amor é o oposto da indiferença. O amor nunca tanto faz, com o que o ser amado faz. Por isso se empenha sempre por um fazer de luz.
O amor pode curar, salvar, elevar, educar, regenerar. Mas tudo a longo prazo, pois para se mostrar, atuar e agir, precisa muito ter paciência, perseverar, persistir, muitas, infinitas vezes perdoar… Tudo devagar.
O amor desgovernado, tumultuado pelas paixões, queima os corações, provoca afastamentos, descontentamentos, dilacerações… Por isso, o amor precisa se asserenar, se suavizar, alimentando-se de eternidade!
Mesmo o amor mais forte, mais viril, mais ativo precisa ser feminino… Cuidadoso, gentil, acolhedor, sabendo se esconder para o outro brilhar!
O amor se muda, se adapta, se transforma, se sublima, mas nunca desiste. O amor pode estar triste, agitado, aflito, cansado com os atritos do dia a dia. Mas se for amor, nunca esfria! O amor tudo sofre – diz Paulo – e nunca se acaba. Mesmo ofegante, prossegue; mesmo ferido, perdoa! Mesmo desacreditado, insiste! E mesmo rejeitado, resiste! O amor tudo pode, tudo alcança! Força divina que nos move e nos transfigura! Mesmo ainda misturado aos cascalhos das paixões, sua fonte profunda é sempre pura! E por isso limpa com o tempo os corações!
O amor é o único motivo, o único estímulo, o único impulso suficientemente forte, elevado e belo para nos levar à superação de nós mesmos! Por amor a quem amamos e por amor a Deus, alcançamos a transcendência!
O amor para bem comunicar-se, precisa aprender sutilezas, precisa fazer recuos, precisa ocultar ímpetos e transfigurar angústias! Precisa calar e falar com sinceridade serena, compreensiva, derramando-se muito mais no olhar, que na palavra; muito mais nos gestos, que nas anunciações!
O amor compreende mais que julga! Não se endurece, antes se enternece! Quer mais se doar do que receber! E o tempo todo tece o carinho, que alimenta!
O amor sempre renova a confiança, refaz a esperança, alimenta o otimismo, porque seu horizonte é a eternidade!
O amor é combativo, mas não agressivo! É ativo, mas pacífico! É enérgico, mas suave!
O amor para ser saudável deve ter dignidade, autoestima. Mas para ser pleno, não pode ter orgulho nenhum!
O amor, por amor a quem ama, busca melhorar-se todos os dias, para elevar-se em altura e grandeza, sendo sempre mais digno do ser amado!
O amor só descansa com a perfeição, por isso está sempre à procura… Só se satisfaz com a felicidade, por isso quer sempre mais!
O amor está sempre perto do coração amado, mesmo que este esteja trancado, mesmo que esteja distante! Está perto, nem que seja por uma prece ardente e por um pensamento constante!
O amor quando nasce é uma flor cheia de perfumes e cor, com ilusões de primavera! Mas quando amadurece, é fruto doce, sem ornamentos, alimento perene!
O amor, quanto mais se asserena, mais conquista; quanto mais se desapega, mais se aproxima do ser amado!
Não há um só dia em que o amor não dedique um serviço, um pensamento, uma prece, um algo, em favor de quem ama! Mesmo à distância, mesmo oculto!
O amor desfaz todas as tragédias, desanuvia todas as angústias, cura todos os desequilíbrios, harmoniza todas as almas… O tempo tudo refaz, regenera, reergue, sublima… Só o que sobra para sempre é o amor!
Nada mais doce que um olhar de amor trocado, nada mais confortador que uma vibração de amor permutada. Nada mais apaziguante que uma comunhão de pensamento elevado, projetado para o infinito!
O amor inventa sempre novos caminhos, não se conforma com obstáculos… Caminhos que chegam ao coração, caminhos que levam ao céu!
O amor sempre encontra um ponto de equilíbrio, um consenso confortável, uma sintonia fina… E o arremate das piores situações será sempre uma costura de bom gosto!
O amor é delicado como uma flor, forte como uma rocha, vasto como o universo! Por isso, não cabe apenas no corpo, não cabe apenas numa vida! É necessário que seja infinito! Lógico que seja eterno!
O amor pode se melhorar, pode se elevar, se transformar, se sublimar… Perder sensualidade e ganhar asas; desfazer-se do feminino e do masculino e ser divino… O amor pode até ficar guardado por um tempo até a próxima esquina da vida… Mas se for amor, nunca termina.
O amor está sempre conectado com o ser amado. Lê seu olhar, percebe sua alma, capta seu coração. O amor é lúcido, desperto, vidente. Não para controlar, tomar posse, mas para estar ao lado, estar dentro, estar em ressonância. A postos para proteger, servir, ajudar e se ofertar.
O amor se entrega inteiro, confia, se abre. Mas sem deixar de ser reto nos princípios, elevado nos propósitos, correto na ação
Podem surgir desavenças, o amor as supera! Podem se erguer ofensas, o amor as perdoa! Podem se formar mágoas, o amor as desfaz! Para o amor, qualquer sombra é tempestade passageira e a bonança volta sempre a brilhar!
Não há dor que o amor não cure! Não há mal que o amor não desmanche! Não há escuridão que o amor não ilumine! Não há queda que o amor não restaure! E seu único aliado é o tempo. Por isso, o amor é infinitamente paciente
O amor tem que tornar melhor quem ama e quem é amado. Se não torna (ou se torna pior) não é ainda amor.
O amor pode se sentir impotente, rejeitado, diante de um coração trancado, ensimesmado numa concha de solidão! Mas então, o amor tem sempre que continuar amando, aguardando brechas de entrada, uma estrada, um clarão… E pouco a pouco se abre o outro coração!
O amor pleno sereno, inteiro, é aquele que percebe cada sutil necessidade, cada mensagem calada, cada aceno do ser amado. Percebe, compreende e age. Mas é preciso caminhar muitos séculos juntos, é preciso se desfazer de muitos egos para que o amor seja assim.
Quando o amor está presente, nenhum dia passa inútil e cada problema revela uma lição!
Quando não é compreendido, o amor compreende mil vezes, até que o outro alcance a compreensão!
O amor nada faz de banal, não fica na superfície, não age com leviandade. Por isso desmancha o mal e lida com a verdade. Por isso não é mesmice e com energia e meiguice se lança na eternidade!
Nem tudo o que sabe, o amor fala, porque não faz falta. Nem tudo o que faz o amor fala, porque não se exalta. Nem tudo o que dói o amor fala, sem mágoa incauta. E quando o amor cala, sua luz brilha mais alta!
Amar, amar, amar é a única maneira de ir se esquecendo de si! E quando se esquece completamente, o amor encontra Deus!
O amor ensina, sem ofuscar e aprende, com gratidão!
Quando se está possuído de amor, os pés andam mais leves, o coração alado e o ar mais rarefeito. Mesmo que às vezes, pesem a caminhada, o coração e o ar, logo tudo se desanuvia e o céu claro logo de novo se anuncia!
Entender como o outro expressa amor e saber fazer chegar ao outro o nosso amor é alcançar o milagre da comunicação.
O amor não precisa ter medo de amar mesmo que o outro não ame, mesmo que o outro ame menos. O amor não precisa ter medo de amar o diferente, o oposto, o desaprovado, o endurecido… Pois o amor transpõe qualquer barreira e um dia alcançará a plena comunhão!
O amor saberá tornar a franqueza tão doce, que não fira… Saberá usar a crítica com tanto acolhimento que não afaste… O amor não faltará jamais à verdade mas não há de buscar seus interesses e não a vestirá como arma, sendo-lhe ao invés uma túnica sutil!
O amor não se deixa aprisionar pela rotina seca do cotidiano! Ao invés, resgata a flor, a poesia, o sorriso e o toque suave das mãos!
Quantos espinhos o amor precisa colher na terra, por breves momentos de sintonia plena! Mas sempre esperando a certeza de uma eternidade de comunhão!
Quando o amor é muito grande e se vê no inferno, não desiste, resiste, insiste, mesmo triste! E de salto em salto (porque se sabe eterno) se faz fraterno e afinal se dilata tanto, regado a pranto, que se alcança materno!
Quando o amor nasce materno, doce, sem nuvens, já nasce eterno, mas não evita a luta, a labuta… Então precisa apenas secar o pranto, aceitar as penas e de alma enxuta, persistir para sempre, como anjo sem desencanto!
O amor restaura pacientemente o que se quebrou. Dá asas aos que se arrastam, fazendo de vermes borboletas, fazendo de homens, anjos.
O amor não se agasta, não se gasta, nunca se afasta e só doar-se já lhe basta.
A colheita do amor é farta, exuberante, ensolarada. Alimenta e conforta. Quando vem, falta nada. Apenas um pleno bem escancara a porta.
Quando não se cobra, o amor dá de sobra. Quando não se apega, o amor transborda pleno, doce e sereno. Quando se respeita e nenhum ciúme à espreita e quando se entrega inteiro, sem medidas, floresce singelo, campestre, como margaridas.
Amar sem posse é amar mais. Amar melhor. Amar em paz. Amar sem desejo de nada, recebendo o que se deseja, de mão sobeja.

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

O dom de ser mulher depois dos 40

Quantos anos tenho?
Tenho a idade em que as coisas são vistas com mais calma, mas com o interesse de seguir crescendo.
Tenho os anos em que os sonhos começam a acariciar com os dedos e as ilusões se convertem em esperança.
Tenho os anos em que o amor, às vezes, é uma chama intensa, ansiosa por consumir-se no fogo de uma paixão desejada. E outras vezes é uma ressaca de paz, como o entardecer em uma praia.
Quantos anos tenho? Não preciso de um número para marcar, pois meus anseios alcançados, as lágrimas que derramei pelo caminho ao ver minhas ilusões despedaçadas…
Valem muito mais que isso
O que importa se faço vinte, quarenta ou sessenta?!
O que importa é a idade que sinto.
Tenho os anos que necessito para viver livre e sem medos.
Para seguir sem temor pela trilha, pois levo comigo a experiência adquirida e a força de meus anseios.
Quantos anos tenho? Isso a quem importa?
Tenho os anos necessários para perder o medo e fazer o que quero e o que sinto.
José Saramago

As mulheres com mais de 40 anos são caracterizadas pela confiança que têm em si mesmas. Moldaram seu corpo no fragor da batalha e seu espírito é cúmplice disso.
Elas sabem lidar com o sétimo sentido que escapa ao resto dos mortais, compreendem que a vida é amar os demais mas, principalmente, amar a si mesmas.
Acumulam habilmente experiência e juventude, o que lhes permite lidar com a sua essência e somar vida aos anos que ainda têm para desfrutar. De fato, dizemos que quando uma mulher faz quarenta anos ela começa a pisar forte, a ser dona de seus passos e a balancear seu equilíbrio emocional e pessoal.
mulher

terça-feira, 11 de agosto de 2015

Enriqueço na solidão...


"Mas não quero resposta, quero ficar só. Gosto muito das pessoas mas essa necessidade voraz que às vezes me vem de me libertar de todos. Enriqueço na solidão: fico inteligente, graciosa, e não esta feia ressentida que me olha do fundo do espelho. Ouço duzentas e noventa e nove vezes o mesmo disco, lembro poesias, dou piruetas, sonho, invento, abro todos os portões e quando vejo a alegria está instalada em mim." 

Lygia Fagundes Telles, escritora.

Gratidão Sempre.


Alegria que ele quer
Deus nos dá pessoas e coisas, para aprendermos a alegria... Depois, retoma coisas e pessoas para ver se já somos capazes da alegria sozinhos... Essa... a alegria que ele quer

Guimarães Rosa

 

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Eu te amo.


" Reze e trabalhe, fazendo de conta que esta vida é um dia de capina com sol quente, que às vezes custa muito a passar, mas sempre passa. E você ainda pode ter muito pedaço bom de alegria…Cada um tem sua hora e a sua vez: você há de ter a sua."
Trecho de Sagarana - João Guimarães Rosa.



segunda-feira, 9 de março de 2015

Eu sou vários. Há multidões em mim...

" Eu sou vários. Há multidões em mim.
Na mesa de minha alma sentam-se muitos, e eu sou todos eles.
Há um velho, uma criança, um sábio, um tolo.
Você nunca saberá com quem está sentado ou quanto tempo
permanecerá com cada um de mim.
Mas prometo que, se nos sentarmos à mesa, nesse ritual sagrado
eu lhe entregarei ao menos um dos tantos que sou, e correrei os
riscos de estarmos juntos no mesmo plano.
Desde logo, evite ilusões: também tenho um lado mau, ruim,
que tento manter preso e que quando se solta me envergonha.
Não sou santo, nem exemplo, infelizmente.
Entre tantos, um dia me descubro, um dia serei eu mesmo,
definitivamente.
Como já foi dito: ouse conquistar a ti mesmo."

Nietzsche ( A Gaia Ciência )






sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Enjoy The Silence.


Words like violence
Break the silence
Come crashing in
Into my little world
Painful to me
Pierce right through me
Can't you understand
Oh my little girl

All I ever wanted
All I ever needed
Is here in my arms
Words are very unnecessary
They can only do harm

Vows are spoken
To be broken
Feelings are intense
Words are trivial
Pleasures remain
So does the pain
Words are meaningless
And forgettable

All I ever wanted
All I ever needed
Is here in my arms
Words are very unnecessary
They can only do harm